Qual adolescência, qual carapuça, aos 30 é que chegam as angústias existenciais como devem ser. Fininhas, irritantes, exaltantes, aterrorizantes, atemorizantes, procrastinantes, e outras mais que entretanto se me ocorrerem.
Andamos sempre a perguntar-nos se as escolhas que fizémos foram bem feitas, porque parece nunca chegar aquela perfeita. Parece que falta sempre qualquer coisa. Que ainda não chegámos lá, onde quer que isso seja, o sítio onde achamos que temos de ir e onde temos lugar reservado à cabeceira de uma mesa.
é que o problema é que metemos na cabeça que a tal da mesa existe, e mais que nada já sabemos a forma, cor, textura e tamanho da mesma. Daí que se estamos numa que até é jeitosa e o menu não é nada mau, damos por nós a dizer "sim, é bem boa. mas ainda não é a minha mesa". E pimbas, lá nos metemos a caminho, à procura da próxima. Ou ficamos, na enorme certeza porém de que não é aquela, e que só serve enquanto não encontrarmos o Ikea que nos resolva os problemas.
Sim, claro, porque quando e se encontrarmos a mesa correcta, começamos a tratar do problema dos comensais. Que deviam ser mais assim ou mais assado. E se a mesa e os comensais parecerem adequados, começa o problema do menu. e por aí adiante.
É uma idade de inconstância, fazemos periodicamente uma paragem e a fatídica pergunta que tudo lixa.
Essa porra de síndrome antónio variações, do estou além, do quero ir onde não vou e que só estou bem onde não estou, e o diabo a quatro.
Por isso é que ando no yoga, a ver se consigo viver no aqui e agora. a ver se faço as pazes com o presente, e não ando sempre à procura do caraças do futuro ideal que meti na mona, vai-se lá saber quando e porquê.
O problema é tentar não nos lixarmos nesta estrada. Para não fazermos como um certo e determinado escritor muito apreciado aqui na casa, que numa idade próxima da das 8 e coisa escreveu e sentiu (e nunca mais disto se livrou) "onde é que eu me fodi?"
1 comentário:
ai querida multipla, só me saiem suspiros... tenho andado toda esta semana com uma pergunta semelhante à inquietação do teu post e que o escritor tão bem traduziu, onde é que eu me fodi?
Uma vez também ouvi uma frase que me fez muito sentido: o futuro é tudo aquilo que passa enquanto estamos a fazer planos para ele..
apreciemos mais o presente...abraços
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