Durante muitos anos desejei três acessórios para mim reveladores de um certo tipo de beleza. De dois deles livrei-me, o terceiro continua a perseguir-me ao fim de todos estes anos.
Primeiro, aparelho nos dentes. Daqueles que pareciam um clip enfiado num céu de boca de plástico, que se punha ou tirava de dentro de uma caixa. Tinha um bocado de inveja de quem os tinha, por isso periodicamente abria um clip mesmo e punha à frente dos dentes, tendo tido como único resultado riscar o esmalte de uns quantos dentes definitivos. Quando aparecerem aqueles de quadradinhos individuais em cima de cada dente a coisa perdeu a graça. O seu carácter permanente e a aparência de saliências em cada cubo metálico dava-lhes um ar bélico e nada atraente para mim. Curei-me.
O segundo era partir um qualquer membro, de preferência inferior para poder usar muletas (símbolo máximo de se ser muito cool), e exibir orgulhosa um gesso branco pronto a ser decorado com assinaturas e desenhos dos amigos. O destino apesar de não ter sido muito generoso comigo, atirou-me um rebuçado. Aos 12 anos parti o braço esquerdo e ganhei estatuto de heroína, ao não ter vertido uma única lágrima depois de tão doloroso acidente no campo de jogos da escola.
Primeiro, aparelho nos dentes. Daqueles que pareciam um clip enfiado num céu de boca de plástico, que se punha ou tirava de dentro de uma caixa. Tinha um bocado de inveja de quem os tinha, por isso periodicamente abria um clip mesmo e punha à frente dos dentes, tendo tido como único resultado riscar o esmalte de uns quantos dentes definitivos. Quando aparecerem aqueles de quadradinhos individuais em cima de cada dente a coisa perdeu a graça. O seu carácter permanente e a aparência de saliências em cada cubo metálico dava-lhes um ar bélico e nada atraente para mim. Curei-me.
O segundo era partir um qualquer membro, de preferência inferior para poder usar muletas (símbolo máximo de se ser muito cool), e exibir orgulhosa um gesso branco pronto a ser decorado com assinaturas e desenhos dos amigos. O destino apesar de não ter sido muito generoso comigo, atirou-me um rebuçado. Aos 12 anos parti o braço esquerdo e ganhei estatuto de heroína, ao não ter vertido uma única lágrima depois de tão doloroso acidente no campo de jogos da escola.
O terceiro são óculos. Achava, e continuo a pensar da mesma forma, que as pessoas ficam todas mais bonitas de óculos. Sou a amiga preferida daqueles que os têm de usar ou passar a fazê-lo, porque faço imensos elogios ao novo visual. Ando há anos a ir a consultórios de oftalmologistas na esperança de um astigmatismozinho ou uma hipermatropia (sinceramente, tanto me faz). Mas até hoje nada. No entanto, mantenho-me fiel ao último clínico que me prometeu que por volta dos 40 é garantida a receita do almejado apêndice facial.
6 comentários:
Li sem maldade, tem graça.
Se não fosse engraçada gostava de saber desenhar.
Totalmente de acordo em relação aos òculos - até porque sou obrigada a usá-los desde os 10 anos... tenho uma miopia gigantesca - não vejo literalmente um palmo á frente do nariz! He,he!! Nestas condições, ou se gosta de óculos, ou se fica com um grande problema! Mas se gostas tanto, és livre de comprar daqueles sem graduação - só po style! =)
Fica bem!!
betty, deves ser das poucas pessoas que usa óculos e gosta!!
comprar óculos sem graduação? ao preço que eles estão? naaaa! é no precisar que está o charme.
Fiz um molde do teu rosto em gesso.
Fechei os olhos e tacteei:
a beleza era convulsiva
— chorei.
(teresa guedes, "em branco")
e eu acho que tu desenhas palavras com muita graça!!!:))
desenhar palavras. que bonito elogio. Obrigado Ana!
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