13 julho 2006

Mais difícil ainda

Quando era miúda tive a colecção de cromos do guiness. Ficava a olhar durante imenso tempo para a imagem do homem que arrastava locomotiva com os dentes, o que tinha o cabelo mais comprido, o sino maior do mundo, a estátua mais pequena e por aí fora. Eram recordes admiráveis que implicavam esforço, dedicação e mérito e mereciam a minha admiração.
Em Portugal existem os recordes absurdos. A árvore de Natal maior do mundo. O maior cortejo de pais natais do planeta. A maior feijoada à portuguesa jamais vista (quem mais se lembraria de fazer esta?!). A maior salada de frutas (não estou a gozar, foi feita pelos alunos da Escola Superior de Turismo). A maior bandeira humana feita só de mulheres (à qual chamaram "a mais bela bandeira do mundo", coisa que é facilmente refutável pelo misógino mais próximo).
Nenhum destes recordes altamente publicitados implica força, capacidade ou engenho. Basta juntar um monte de pessoas para fazerem a mesma coisa. Uns para se vestirem de pais natais e se passearem na rua como se fossem vencedores da maratona, um monte de mulheres a torrar ao sol no estádio universitário, uma série de pessoas para descascar muita fruta. Enfim. Houve um iluminado que teve a ideia e os outros acharam boa. Vá se lá saber porquê.
Bastava incluir a maior alheira de mirandela e a maior cova na areia jamais feita e e estávamos no top para ganhar o prémio "o-povo-que-tem-menos-que-fazer do mundo".
Hoje à hora do almoço comi o meu bacalhau à braz (o melhor do mundo), e vi as notícias (as mais longas da Europa). Soube que vai haver o 2º salão erótico em Lisboa (o maior jamais feito em Portugal) e dei de caras com uma rapariga que falava dos seus feitos com um orgulho que apenas reconheci na cara do Saramago depois do Nobel.
Dizia então a espanhola moça:
" Em Espanha sou muito conhecida por ser acrobata vaginal" (?????!!!!)
E continuou
"Consigo escrever e pintar com a vagina, faço bolinhas de sabão, e além do mais tiro cadeias de metal, agito bandeiras e coisas assim"
(achava eu que pintar com os dedos dos pés já era difícil...)
"já consegui tirar 15 metros de cadeia da minha vagina, mas acho que Lisboa é uma cidade tão bonita que quero bater o meu record e chegar aos 20 metros".
Depois disto, tirar coelhinhos de cartolas passou a ser brincadeira de crianças.

7 comentários:

Anónimo disse...

wow! sem palavras para a espanhola...e arrotar o alfabeto com a vagina não?...caramba...

mas é verdade, portugal é mesmo o país dos records absurdos e e fáceis de concretizar. tive um exemplo há pouco tempo perto de mim. moro em azeitão, o cascais da margem sul como já ouvi dizer (por amor de Deus...) e cá se fez a maior torta de azeitão do mundo! pois...duvido que até mesmo em portugal alguém se lembrasse de feito semelhante, quanto mais no resto do mundo...

Anónimo disse...

as cidades bonitas inspiram, é verdade!!

Anónimo disse...

serà a mary poppins, versao hard-core (como diria um queridooooooooooo amigo meu, na linha trash metal)?

Anónimo disse...

Não percebi se era o Saramago que tirava Bacalhau à Brás mais à braz que neste planeta já se fritou, ou se uma frita da tola, que tirava cadeias da parte mais intima (como vi escrito no jornal da manha) libertava assim os prizioneiros da muisca dos Delfins que são aquela banda de Azeiteiros do Sul do Tejo. Vivemos num mundo cheio de excessos incompreensiveis excepto quando nos propomos a criar records. Já agora já repararam na diferença entre bater um record e inventar um? Nós temos por certo o record de invenções de records, Mas alguem tem de animar isto já que competir é só por si a meu ver uma acção de dubio interesse. Tenho escrito!!!

8 e coisa 9 e tal disse...

curse, ainda me estou a rir com a ideia de fazer a maior torta de azeitão do mundo!! essa faltava-me, é linda. Vai na onda da alheira de mirandela que eu inventei... azeitão ser cascais da margem sul tb é uma boa imagem. Mas claro, Vila Nogueira não? ;)


pirata, ah pois é!

Said, pelos vistos a espanhola já chegou ao correio da manhã (deve ser a mesma que eu vi no jornal da uma, linda e orgulhosa da sua proeza).

múltiplas, excelentes como sempre.

Anónimo disse...

Roga-se que alguem com direitos de admin, corrija o meu texto em prisioneiros e em música. Obrigado

P.S. Deixem manha pra descever o diário matutino que tão bem conhecemos!

Said

dorean paxorales disse...

Se Portugal fosse o país dos recordes absurdos (não é, basta ver o recorde do "surfe em pororoca" - http://www.guinnessworldrecords.com/local/homepage.asp?lang=BRA) não estaria a fazer nada que não fosse de acordo com o apelo do sr.Guinness.

Aquilo nunca serviu para registar feitos de bravura, mas sim para dar espaço público a medíocres e assunto de alienação para outros que tais em conversas de esplanada.