Tinha uma papagaio. Verde. Com uma grande cabeçorra vermelha. Na verdade era uma papagaia. Comprei-a já quase desidratada, naquelas "magníficas" instalações com que nos brindam 90% das lojas de animais dos centros comerciais. Juntei os meus trocos e comprei-a feliz da vida por ter uma papagaio e por poder tirá-la daquele ambiente.
Depois resolvi comprar um livro sobre papagaios. Essencial. E mais essencial ainda teria sido comprá-lo antes do papagaio. Lá, nas páginas atribuídas à espécie do meu pássaro estavam descritas as suas características básicas, entre elas, uma muitíssimo especial. Era a espécie considerada a mais barulhenta de todas as espécies de papagaios. Momento filmográfico: eu, com o livro na mão, de olhos cerrados a olhar para a minha papagaia, à espera... um, dois, três... ali estava ela... em plenos pulmões... seria uma betoneira? um avião supersónico?... uma avalanche?... um terramoto?... um concerto dos Motorhead no Coliseu dos Recreios? Não! Era a super papagaia...
Nunca tinha ouvido nada assim... francamente indescrítivel o volume e o tom agudo que penetrava como facas aguçadas o interior dos meus tímpanos, o dos amigos que visitavam a casa e o dos vizinhos todos das redondezas...
Mas eu amava aquele pássaro... a sua esperteza igualava o volume dos seus gritos... era uma animal fabuloso...
Um dia, vieram uns senhores a minha casa fazer obras... um deles, o pintor, era surdo que nem uma porta. Eu tinha que repetir as coisas duas e três vezes para ele ouvir... e ele adorava animais, era um querido... e era o delírio absoluto vê-lo a trabalhar com a minha papagaia ao lado a gritar daquela maneira ensurdecedora e ele, sempre de sorriso rasgado: "oh, que passarinho bonito que tu és!", "oh, minha pequenina..., que linda menina...", "tás a cantar?".
Enfim, a relatividade das coisas é absorvente...
Depois resolvi comprar um livro sobre papagaios. Essencial. E mais essencial ainda teria sido comprá-lo antes do papagaio. Lá, nas páginas atribuídas à espécie do meu pássaro estavam descritas as suas características básicas, entre elas, uma muitíssimo especial. Era a espécie considerada a mais barulhenta de todas as espécies de papagaios. Momento filmográfico: eu, com o livro na mão, de olhos cerrados a olhar para a minha papagaia, à espera... um, dois, três... ali estava ela... em plenos pulmões... seria uma betoneira? um avião supersónico?... uma avalanche?... um terramoto?... um concerto dos Motorhead no Coliseu dos Recreios? Não! Era a super papagaia...
Nunca tinha ouvido nada assim... francamente indescrítivel o volume e o tom agudo que penetrava como facas aguçadas o interior dos meus tímpanos, o dos amigos que visitavam a casa e o dos vizinhos todos das redondezas...
Mas eu amava aquele pássaro... a sua esperteza igualava o volume dos seus gritos... era uma animal fabuloso...
Um dia, vieram uns senhores a minha casa fazer obras... um deles, o pintor, era surdo que nem uma porta. Eu tinha que repetir as coisas duas e três vezes para ele ouvir... e ele adorava animais, era um querido... e era o delírio absoluto vê-lo a trabalhar com a minha papagaia ao lado a gritar daquela maneira ensurdecedora e ele, sempre de sorriso rasgado: "oh, que passarinho bonito que tu és!", "oh, minha pequenina..., que linda menina...", "tás a cantar?".
Enfim, a relatividade das coisas é absorvente...
2 comentários:
Podias ter aproveitado a ocasião de ouro e oferecias a papagaia ao pintor.
Se não o fizeste, aconselho uma conta poupança para a casa sonotone.
concordo absolutamente consigo.
E=mc2
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