11 julho 2006

Todo o cais é uma saudade de pedra

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve como uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.

Alvaro de Campos, Ode Marìtima

P.S. Para retomar um tema là atràs que gostei de ler.
Espraiem-se por aì fora.

4 comentários:

Anónimo disse...

tu espraias-te por ai, eu praio-me por aqui. ;)

Anónimo disse...

Mitigar no cais a "angústia recente" e todas as "angústias relvadas"? Atirar-se à água e nadar "entre o cais e o navio" p'ra despetrificar a saudade? Encontrar a sua praia sous les pavés?
Tudo depende de quem parte, de quem fica, respectivos sonhos e – brrrrreeeeee! - da temperatura da água.

8 e coisa 9 e tal disse...

quem è q se anda a praiar enquanto eu me espraio num cais de pedra, sem angustias recentes nem melancolias p mitigar? quanto à temperatura da àgua, è morna, dà p mergulhar de cabeça sem receios de eventuais choques térmicos e hipoteticas indigestoes. quanto à saudade, è como a melancolia e a angustia: desta vez nao a encontrei, vi-me antes reflectida no espelho de àgua e continuo fascinada com o q vi.

Anónimo disse...

cuidado com os fascínios com a imagem reflectida num lago. diz que houve um gajo que caiu num e nunca mais de lá saiu.

(palavra de hoje: azyisimn, que se pode interpretar com um assim sim fanhoso)