03 junho 2006

Do amor e outros demónios II


O tempo corria, a neve ia-se amontoando em volta da casa, mas continuávamos sós, sempre sós, os mesmos, enquanto lá longe, entre bulício e resplendor, multidões se afanavam, sofrendo e gozando, sem pensar em nós nem na nossa existência que fugia.
O pior era sentir que o costume nos encadeava a uma forma determinada de vida, que o nosso sentimento deixava de ser livre, ao submeter-se ao fluir do tempo, uniforme, sereno. Pela manhã estávamos alegres; ao meio-dia dignos, e à noite, ternos.
L. Tolstoi, A Felicidade Conjugal

1 comentário:

Anónimo disse...

"(...) Às vezes tu dizias:
os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis".

E. Andrade