Um tema de gajas, deixa-me cá ver.
Comentar cortes de cabelo, ora aí está. Nunca ouvi nenhum gajo a dizer a outro “ah, cortaste o cabelo, fica-te tão bem”. Ou “que madeixas tão giras”. Ou “desculpa lá a pergunta, mas essa é a tua cor natural de cabelo?”.
Ok, cortes de cabelo é tema de gaja, definitivamente.
Ainda ontem encontrei uma amiga que já não via há imenso tempo. Depois de me ter actualizado sobre a sua vida profissional disse-lhe “estás cá com um bronze” (outro tema nitidamente feminino), seguido de “e mudaste o corte de cabelo”. “Ah, sim, cortei ontem, ainda não me habituei”. Respondi logo “fica-te mesmo bem” – claro, porque uma das regras de ouro femininas é apenas verbalizar uma coisa nova que favoreça a outra, porque para dizer mal já basta o espelho e a capacidade autocrítica mais que ácida de todas as meninas.
Não contente com isto, acrescentei: mudaste também a cor do cabelo. Aqui pus a pata na poça. Ela reclamou logo que não tinha mudado, mas como tinha cortado o cabelo perdeu as pontas alouradas, e assim os seus abundantes cabelos brancos notavam-se mais. Eu insistia que lhe ficavam tão bem que até pensava que tinham sido feitas de propósito, mas na realidade nada do que eu dissesse podia curar a asneira que tinha sido feita. Tinha-lhe lembrado a sua idade biológica.
É que outra regra de ouro para as mulheres é nunca parecerem mais anos dos que realmente têm. Se alguma pedir para se lhe adivinhar a idade, convém dar sempre uma margem de uns 5 a menos do que parece. E mesmo assim, a coisa mais sábia a fazer é não tocar no assunto.
Numas férias de verão, tinha eu 19 anos, a senhora da limpeza da casa de férias quando me viu a guiar o carro perguntou-me a idade e ficou tão espantada que me disse “Podiam-me cortar a cabeça que não lhe dava mais de 14”, ao que eu respondi “pois a mim podiam-me cortar a cabeça que não lhe dava menos de 65”. Nunca mais voltou para me fazer a cama.
Comentar cortes de cabelo, ora aí está. Nunca ouvi nenhum gajo a dizer a outro “ah, cortaste o cabelo, fica-te tão bem”. Ou “que madeixas tão giras”. Ou “desculpa lá a pergunta, mas essa é a tua cor natural de cabelo?”.
Ok, cortes de cabelo é tema de gaja, definitivamente.
Ainda ontem encontrei uma amiga que já não via há imenso tempo. Depois de me ter actualizado sobre a sua vida profissional disse-lhe “estás cá com um bronze” (outro tema nitidamente feminino), seguido de “e mudaste o corte de cabelo”. “Ah, sim, cortei ontem, ainda não me habituei”. Respondi logo “fica-te mesmo bem” – claro, porque uma das regras de ouro femininas é apenas verbalizar uma coisa nova que favoreça a outra, porque para dizer mal já basta o espelho e a capacidade autocrítica mais que ácida de todas as meninas.
Não contente com isto, acrescentei: mudaste também a cor do cabelo. Aqui pus a pata na poça. Ela reclamou logo que não tinha mudado, mas como tinha cortado o cabelo perdeu as pontas alouradas, e assim os seus abundantes cabelos brancos notavam-se mais. Eu insistia que lhe ficavam tão bem que até pensava que tinham sido feitas de propósito, mas na realidade nada do que eu dissesse podia curar a asneira que tinha sido feita. Tinha-lhe lembrado a sua idade biológica.
É que outra regra de ouro para as mulheres é nunca parecerem mais anos dos que realmente têm. Se alguma pedir para se lhe adivinhar a idade, convém dar sempre uma margem de uns 5 a menos do que parece. E mesmo assim, a coisa mais sábia a fazer é não tocar no assunto.
Numas férias de verão, tinha eu 19 anos, a senhora da limpeza da casa de férias quando me viu a guiar o carro perguntou-me a idade e ficou tão espantada que me disse “Podiam-me cortar a cabeça que não lhe dava mais de 14”, ao que eu respondi “pois a mim podiam-me cortar a cabeça que não lhe dava menos de 65”. Nunca mais voltou para me fazer a cama.
14 comentários:
ó senhores gajos leitores ocasiones ou assiduos de este blog, porque será que se tem a ideia (tantas vezes confirmada) que vocês não costumam comentar as mudanças visuais dos vossos amigos homens, nem elogiar os vossos amigos homens nos aspectos do corpo?
no comments
ou seja, parece que mais do que o cabelo, ou o aspecto em geral, mais do que a idade aparente (eis que finalmente surge aqui a depurada palavra raíz disto tudo), muito mais do que tudo acima referido está a necessidade de se dizer qualquer coisa.
Sobre o quê tanto parágrafo, tanto esmero na composição ?
Para quê tanta ansiedade, tanta garrafa com mensagem deitada ao mar cibernáutico ?
Fica aqui a reflexão
espelho, espelho meu, bem posta a reflexão. esteve-se a marimbar para o corte de cabelo e deteve-se na questão etária. é uma boa questão. na realidade poder-se-ia dizer que é a questão central da minha posta.
Esmero na composição sempre. Neste momento não lhe posso responder. Deixe a mensagem asseguir ao sinal. biiiiiiiiiiip
(desculpem, ou como diria o pirata DESCULP!, mas são 6h30 e acabo de de chegar a casa e estou ébria. vidas lindas, é o que é)
Quanto ao pirata, para o caso de ainda não ter notado, nós somos gajas. Logo, donde, donc, não lhe poderemos explicar o que são gajas boas, ou gajas boas enquanto são novas. Sei lá eu o que isso é. Ainda menos vistas de longe
Bom dia, digo eu de mansinho, dada a condição ébria que justifica plenamente o remate ao lado.
Passo a citar-me (it's a dirty job but somebody got to do it)
"idade aparente"
O foco (já que sou um espelho parabólico embora anseie por recorrer a hipérboles) está no "aparente" - conceito pleno de matéria (passe a contradição entre imagem e objecto) de reflexão para quando acordar (de mansinho e bem-disposta)
isto tá dificil, confesso que me perdi nos comentários. O sr pirata parece ter ficado nervoso com o post.
Em primeiro lugar talvez possa dizer que quando as coisas surgem é porque têm uma razão de ser.
A questão da idade, que para o pirata é algo epidérmico (superficial) talvez surga como tema tão frequente de conversa pelo facto de que a juventude é uma referência no mundo de hoje, em que os sábios anciãos e anciãs foram substituidos por uma terceira idade depositada em lares, despojadas de qualquer função e respeito na sociedade. Ser jovem associa-se a energia, vigor, possibilidade de sucesso e ao contrário ser velho associa-se a estorvo, decadência, doença, inutilidade. Talvez por isso os anúncios publicitários com pessoas maiores a fazerem coisas de teenagers tenham tanto sucesso (leite é juventude..)
E se isto é aplicável tanto a homens como a mulheres, no caso das mulheres é ainda intensificado pelo facto de que a juventude das mulheres é associada a estados de beleza, de sedução, de desejo, de disponibilidade e de sucesso, o significado que se atribui a um homem maduro (que tem algo de sexy) é talvez mais valorizado que o associado a uma mulher madura(tem tetas descaidas, gorduras desnecessárias, rugas, etc...)
Isto falando a nível do simbólico claro, já que pergunta...
e com este coment arrisco-me seriamente a entrar na lista dos candidatos ao galardão...
Alguém viu ou sabe do paradeiro de uma gaja que tem a mania que é cabeleireira chamada Dalila?
eu concordo com o sr. pirata, a questão etária não passa de uma deplorável 'coisa' epidérmica. concordo tb com a sete e picos, a idade - neste caso a apologia da juventude - é um conceito culturalmente construído (e ignobilmente explorado). claro q o vigor e a saúde são 'pormenores' a considerar, mas como até à data não inventaram nem máquina do tempo nem o elixir da eterna juventude, deixemo-nos de angústias quânticas e aproveitemos o melhor de cada ano. aliás, a posta do newman vem confirmar q 'age doesn't matters'. Ou não?
Xiii, tanto comment...
Aqui parece-me que se juntam 3 postas.
o do alcool, o das 100 postas e esta.
em termos ópticos cada um(a) vê o que pode (que é equivalente ao que quer)
aquilo que tinha começado por ser uma posta ligeira e indiferente, acabou (tio sigmund explica) numa coisa importante. A cena da aparência.
sete e picos, não podia deixar de estar de acordo, claro!! portanto, nem vou discorrer por aí, parafrasear não vale a pena.
No entanto, por muito que desmontemos a questão, que atire a primeira pedra quem não gosta de ouvir piropos em relação à sua aparência exterior, seja pela formosura de traços que pela juventude conservada. É muita imposição socio.cultural na mona, é o que é.
Pensar que quando era adolescente meu sonho era ter rugas à volta dos olhos, cabelos brancos e usar óculos. Parecia-me lindo. Achava que a idade trazia um brilho que a juventude não tinha. Continuo a achar, mas o problema é não achar tanta graça quando reparo nas mudanças no meu próprio corpo. Tenho de descobrir onde me perdi para voltar aos carris.
ó querida, é verdade é que a imposição socióculturali anda cá toda e não é nada fácil livrarmo-nos dela, vai muito lentinho.
E aprender que o corpo não se perde (logo) mas se vai trasnformando, é muito díficil que o raça da vida é dura é nós somos molinhos, mas olha, que a idade nos vá servindo par ir aprendendo coisas, pelo menos a acreditar que a juventude eterna não só é um mito como até pode não ser um ideal interessante de vida, melhor aprender a viver com estas limitações de idade e de corpo que se nos vão apresentando ao longo da vida.
O dalai lama dizia confia em deus mas fecha o teu carro com chave e eu adapto, confiemos na vida mas não esqueçamos o ritual dos cremes todos os dias
não podia estar mais de acordo:
o creme compensa.
O creme compensa, mesmo, contra todas as socializações primárias e mais uma quantidade de comerciais de TV, mas como diz Sete e Picos, o corpo vai se transformando, e a pena é se o nosso entendimento não o acompanha.
May peace prevail on Earth, Tenzin Gyatsho
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