01 junho 2006

Sobre a existência do amor

Eu 1: Acabo de ter uma epifania. O amor verdadeiro não existe.

Eu 2: ???

Eu 1: Não existe, simplesmente não existe. Foi uma invenção mantida ao longo dos anos pelo livros e filmes, querendo fazer-nos crer a nós, tontas românticas, que existe. E em nome desse tal de amor verdadeiro, que traz borboletas e estrelas e sei lá que mais, nós as tontas deixamos os homens bons da nossa vida à procura dessa tal merda maior que não existe. E nessa merda dessa busca damos cabo de pessoas bestiais, e damos cabo de nós mesmas a darmos tempo de antena a estupores de merda. Que como são inteligentes e viram esses mesmo filmes e livros e sabem o que raio nós queremos, vão entrando e fazendo-se passar pelo tal de amor verdadeiro. E depois ficamos agarradas, porque os espertalhões que vendem o amor verdadeiro não o têm para dar e os que o têm para dar não o publicitam. O mundo está todo ao contrário.

Eu 2: Estás doida. O que é que andaste a beber hoje?

Eu 1: Não vês que eu tenho razão? Isto pode estar a soar a uma grande maluquice, mas acho que é a das conclusões mais acertadas a que já cheguei na minha vida. Se calhar até fundo uma nova religião. O amor morreu, viva o amor. E aprendemos a construir um novo. Ou a reconhecer aquele que vale a pena. Mas sempre sabendo, e tendo sempre bem presente, que o tal do amor verdadeiro não existe, que nunca existiu, que nunca ninguém o viu, que nos enganaram estes anos todos. Que isto foi tudo uma grande aldrabice. Mas olha, mais vale tarde que nunca. E ainda bem que percebi isto. Se calhar escrevo um livro para explicar isto às pessoas, o que é que achas?

Eu 2: Acho que estás doida. Acho que estás completamente doida.

Eu 1: Olha lá, não sabes dizer mais nada?!

Eu 2 (respirando fundo): Acho que o amor existe, que não é invenção nenhuma. Que dá muito trabalho a encontrar, a manter, a distinguir o importante do acessório. A não nos deixarmos toldar pelas nossas inseguranças. Topas?

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu às vezes topo, outras vezes nem por isso. É o que dá a multiplicidade.

JPN disse...

grande texto, sim senhor, grande religião. vou tentar descobrir no respirar a versão gajo desta religião e depois somamos os catetos.

Anónimo disse...

o amor verdadeiro até pode existir, agora o amor ideal, aquele onde tudo é lindo, cor-de rosa e romântico é que é uma ganda treta que nos venderam durante séculos.

dorean paxorales disse...

A análise está boa, a conclusão estará errada. Mas, nisto de religiões, cada um pratica aquela que com ele funciona.

A jpn: não vejo onde possa haver grande diferença na "versão gajo" do credo proposto.